quarta-feira, 22 de março de 2017

A verdade sobre a mentira...

Até os maiores filósofos sabem...

A ignorância é uma virtude,  a fonte  inesperada da felicidade. Por muito chocante que possa parecer as pessoas adoram a mentira,  principalmente quando essa mentira proporciona  conforto e felicidade  que, caso a verdade viesse ao de cima,  seria brutalmente terminada.

Não acreditam ? Atentemos,  pois,    no exemplo da mulher que vive na felicidade,  ou o homem,  pois aqui o género  não importa,  ignorando que o seu conjuge partilha  a sua intimidade,  o seu amor e carinho com alguém fora do circulo conjugal.  Alheios a esta realidade,  o homem ou a mulher confabulam  uma realidade familiar idealizada que não poderia estar mais longe da verdade.

Ainda, o caso dos pais  que imaginam a sua prole como  sendo os mais masculinos ou femininos,  ignorando a sua tendência para  gostar de pessoas do mesmo sexo. É frequente  tais indivíduos recearem  assumir as suas  orientações com receio de pôr fim a um estado de felicidade que está dependente da crença numa realidade que não existe.

Mais um exemplo,  o da pessoa que ignora os problemas em que aqueles que são mais próximos atravessam e que,  por via dessa crença,  vive feliz e contente,  numa mentira piedosa.

Há ainda aqueles que, consequência da sua incapacidade para entender a realidade,  vivem alheios aos problemas de um País,  que afinal são também os seus.

É caso para pensar,  afinal o que é isso da realidade,  da  verdade por contraponto à mentira e  à ignorância ?   Será mais feliz aquele ou aquela que vive na ignorância ?

Contam-me que há quem não saiba onde situar Portugal num mapa mundo,  onde é a nossa capital,  quantos segundos existem num minuto,  quantos dias há num ano. Ignoram,  por completo,  a corrupção e a maldade,  vivendo num mundo de faz de conta transmitido diariamente pelas televisões e escarrapachado num écran de computador.

Aconchegadas no conforto da sua ignorância,  estas são as pessoas mais felizes do mundo. Felizardo é aquele que,   encerrado  na sua selva,  vive feliz alheio a tudo.

É mesmo caso  para  dizer...

 A ignorância é mesmo felicidade !

E esta, hein ?... Vejam só....

Somos felizes e não sabemos


A confirmar-se que estamos felizes, talvez os portugueses queiram experimentar um pouco de sofrimento, para desenjoar de tanto nirvana

Quando Pedro Passos Coelho disse, esta semana, que a história dos últimos anos tinha tido um final feliz, muita gente discordou por considerar que isto que vivemos não é felicidade. Eu discordo porque acho que isto não é um final. O que é infeliz.
Cada um terá a sua noção de felicidade, mas é mais difícil divergir naquilo que é ou não um final. Podemos discutir se o copo está meio cheio ou menos vazio (embora, no que me diz respeito, seja raro ter inquietações filosóficas deste tipo, na medida em que bebo quase sempre pela garrafa), mas creio que ninguém hesita acerca do momento em que o copo está completamente vazio. Um final não costuma deixar dúvidas. Mas o FMI continua a vir cá periodicamente, o que parece indicar que isto ainda não acabou. Além de que costuma vir com propostas que não trazem grande felicidade.
No entanto, como já tive oportunidade de observar, com muita perspicácia, o conceito de felicidade muda de pessoa para pessoa. Os fetichistas de pés ficam felizes com a mera contemplação de pés. Talvez o primeiro-ministro seja um fetichista de desemprego. Ou de dívida. Ou de pobreza. Por outro lado, a felicidade do final de uma história depende de quem a conta. Uma história em que o Drácula consegue ferrar o dente no pescoço de um desgraçado não tem, em princípio, um final feliz. A menos que seja o Drácula a contá-la. Para nós, o governo de Durão Barroso não teve um final feliz. Até porque redundou em Santana Lopes. Mas, para Durão Barroso, foi das mais lindas histórias que já se escreveram.
Talvez o problema esteja no próprio conceito de felicidade. É possível que Passos Coelho se satisfaça com pouco (recordo que ele apreciava a companhia de Miguel Relvas). Mas, para o resto do País, creio que a notícia de que isto é felicidade foi recebida com desilusão. De duas, uma: ou a felicidade não é isto ou tem sido muito sobrevalorizada. A confirmar-se que estamos felizes, talvez os portugueses queiram experimentar um pouco de sofrimento, para desenjoar de tanto nirvana.
Há ainda outro problema no conceito de final feliz de Passos Coelho (tão diferente do de certas casas de massagem): para o primeiro-ministro, temos sido todos muito virtuosos. Temos feito sacrifícios, pago dívidas, trabalhado a dobrar (os que têm trabalho). Ora, de acordo com a minha experiência, não é possível ser virtuoso e feliz ao mesmo tempo. A maior parte das coisas que me fazem feliz não são virtuosas, e vice-versa. Ou bem que se é virtuoso, ou bem que se é feliz. Temos de optar. E Passos Coelho também.

Tá?!... 

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